Somos feitos de nossas memórias, escolhas, apreensões pelo mundo objetivo e as sensações pelas quais somos beneficamente invadidos a cada ato.
Um ambiente que promove o encontro com nossos iguais, embora diferentes sejam nossas trajetórias, num dia tão intenso.
Unificados pela descontração, curiosos pelo formato em que a apresentação se dará, somos surpreendidos pela instauração do silêncio e eis a primeira canção e, mesmo não compreendendo seu significado literal, somos atravessados pela beleza, energia e intensidade que ela se realiza, e as outras e, sucessivamente, cada canção, imagem e energia espalhadas por aquele espaço no qual somos unidos e tragados pelo amor e vida, no cotidiano constantemente esquecidos pelas interrupções externas, que periga nos afastar do essencial, que é altamente transmitido ao longo do encontro. Uma experiência verdadeiramente transmitida e vivida. Sem começo ou fim, possui dispositivos de organização, embora seja altamente fluido, seguindo seu curso, intenso, não se distinguindo da vida quando sensivelmente percebida.
Por que este prato e não outro prato? É o sabor amargo que, ora deixa de ser assustador e se torna saboroso encontro, ou aquele que era doce e palatável e distante e desconhecido e distante se torna. Basta um ingrediente-presença e a reação é diferente: proximidade, distância, proximidade, e os caminhos, as possibilidades se bifurcam, infinitamente, surpreendendo-nos a cada encontro, desencontro.
“Recontando a sua história na minha” sim, a partir do encontro, daquela noite, seremos outros e compartilharemos a mesma história.
Há quanto tempo não ouço o meu coração bater, no ritmo dele, que é único, pois sou invadida, pelo ritmo dos outros. Vocês proporcionaram silenciar e sentir, plenamente.
Não estamos sós, embora na procura haja encontros e as chegadas sejam singulares.
Obrigada pelo encontro.
Julho de 2015