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[CRÍTICA] “Entre Vãos” poetiza o abandono dos despejados – por Vana Medeiros

Passei a semana toda introspectiva, sendo afetada por algo que me aconteceu. Uma peça que eu vi: três peças. Acompanhei nas últimas semanas o projeto Entre Vãos, da Digna Companhia. O projeto (como tantos dos bons) me parece ter saído de uma ótima pergunta: o que aconteceu com os moradores despejados do São Vito, o famoso Treme-Treme, edifício que foi finalmente demolido em 2011, depois de uma espera de anos entre ameaças? A partir daí, e se toparmos o convite de assistir às três narrativas – em dias diferentes, já que elas são simultâneas -, conheceremos as histórias de três ex-moradores da ocupação habitacional, que foram expulsos de seus lares e jogados de volta neste monstro de concreto que nos engole todos os dias, São Paulo.

As histórias, independentes entre si, estão também profundamente interligadas, e formam um mosaico instigante, contaminando-se em diversos pontos, e em especial tematicamente. As três histórias, muito mais do que citarem umas às outras, têm em comum seus discursos: falam de morte, de loucura, de suicídio e principalmente de abandono. O que é o despejo senão um abandono forçado daquele que já foi abandonado pelo poder? Fala-se aqui do despejo daqueles corpos do São Vito, mas é ainda do despejo de suas forças de trabalho, de seus afetos, de seus modos de relação, de seus devires e de suas demandas, que, se já não eram párias no círculo das pulsões sociais, passam a ser. Com a saída do São Vito, corpos que parecem não ter mais lugar no espaço, circulam ligados apenas a uma espécie de não pertencimento que só pode ser criado pelo despejo, pela morte social prematura a que eles são condenados.

O comovente aqui é que eles parecem não ter se dado conta disso. Tanto o Anjo do Corredor, quando a Balconista e o Livreiro nos recepcionam em suas novas configurações espaciais – o apartamento que sobrevive como uma coincidência de dois tempos, a loja de palestas mexicanas e o sebo/moradia mantido a duras penas. São seus novos cantos neste mundo, preenchidos por um discurso sempre de muito orgulho e prazer, ostentado por nossos anfitriões da desHabitação. São três resistentes que, ao ostentarem a sempre cordial atitude do bom anfitrião à brasileira (“Desculpa qualquer coisa”, “Você gosta de bolo? Acabei de fazer bolo”, “É tudo muito simples, não repara não”), nos seduzem em um jogo de cortesias e revelações amargas, riquezas de espírito contrastando com suas calmas pobrezas organizadas, concretizações de uma vida anacrônica e devires que nunca teriam a chance de se tornar concreto. Os locais de cena são três espaços provisórios que provêem provisoriamente: satisfazem a necessidade imediata de abrigo até a segunda ordem, que aqui é, como acontece de maneira fatal e corriqueira, a ordem da mão pesada do capital, que interfere como um furacão de clichês em uma cena, mas que logo se revelam os clichês mais surrealmente necessários. Uma única figura não suportaria tantos poderes caso não pudesse conviver com eles sem o menor remorso: os poderes do capital financeiro, da mão dura da ordem, do status quo, da especulação imobiliária, da moral dupla do estado, da moral dupla da classe média paulistana. Uma interferência que tudo muda para nada mudar. Uma última chama de resistência responde, luta, briga, quer continuar a viver e está disposto a levantar sua pesada espada contra o moinho de vento armado de sua peruca loira que invade a cena. Mas o respiro – como a esperança enfim – é provisório, e não estariam nossos três sobreviventes condenados em um resto pálido de vida anunciada desde o começo?

Esta peça falou comigo, como penso que eu já deixei escapar entre uma linha e outra destes meus apressados escritos. E desconfio que, entre as atuações precisas e simples, a sedução brilhante do sight specific, as músicas de um colorido opaco e angustiante e o tom acolhedor da narrativa, eu vi um movimento muito específico que me atrai, como sempre, uma dramaturgia. Ao se propor a tratar de um tema tão agudo e sufocante, o texto nos envolve em uma experiência que pode ser tudo, menos aguda e angustiante. É uma cena-máquina – uma cena que não explica: produz. Com movimento de direção e dramaturgia que em tudo parecem colaborar para que o público saia sorrindo desta experiência, me parece que o que ela produz – depois de alguns dias de digestão, como todo saboroso alimento artístico – é mais trágico do que o bolo e o suco de groselha em um apartamento do centro nos anos 1980 parecem nos mostrar. O que, afinal de contas, virá nos socorrer nessa babel desenfreada? Uma história que parte do micro para atingir o macro, que fala do São Vito, mas de todos nós, que nos pergunta como será possível viver em uma cidade com os processos de hierarquizacão entre pessoas, coisas, concreto e carne, como se tivéssemos aceitado mastigar um punhado daquelas pedrinhas que ficam no chão depois que o asfalto seca.

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A peça ainda está em cartaz e vai até o dia 16/05. Se eu fosse você, não perdia por nada. Mais informações no site da Digna: http://www.adigna.com/entrevaos.html

Foto de Alecio Cezar